Ontem (18/07/2012) parecia que Arapiraca tinha sumido do mapa!!!! 160 Km de pedalada, mais de 12 horas de viagem por problemas de furo em 2 pneus , reabastecimento de energético e de água, fotos nos lugares que passamos e um breve descaço de 30 minutos, ou seja, apenas a hora de almoço. Enfrentar a BR 101, atravessar uma enorme ponte que divide Alagoas com Sergipe e voltar por uma estrada (que eu acho que é uma AL) pela iluminação da lua e algumas lanternas é muita adrenalina. Arapiraca-AL ; Propriá-SE fica mais uma pedalada guardada nas nossas memórias. (Gabriel Leite)



TRILHA: ARAPIRACA - PROPRIÁ / PRÓPRIA - ARAPIRACA
DISTÂNCIA PERCORRIDA: 160 KM
AVENTUREIROS: MILENE LEITE, WHERLANCLEYA LÚCIA, GABRIEL & GEOVANE
Manhã de 18 de julho de 2012, duas amazonas e dois cavaleiros (Milene
Leite, Wherlancleya Lúcia, Gabriel e Giovane) partem montados em seus
cavalos de alumínio impulsionados pela força motora de suas pernas com
destino a cidade de Propriá, Estado de Sergipe, cidade ribeirinha que
fica às margens do Rio São Francisco, no outro lado da ponte que divide
Alagoas e Sergipe. Foram 160 km vencidos que separam Arapiraca de
Propriá no bate e volta.
Saímos às 6 horas da manhã numa neblina
que eu só havia presenciado em Florianópolis, região sul do Brasil.
Nosso trajeto começou pela AL que vai até o município de São Sebastião,
dali por diante encaramos a BR-101 com seus enormes e intermináveis
tapetes de pinche e concreto em um movimento frenético quase que
constante de carros, caminhões, carretas e bitrens em alta velocidade
com os seus mais variados destinos, entretanto, o nosso era a cidade de
Própria.
O dia nublado colaborou deveras para a nossa empreitada e
entre nuvens o sol lançava alguns raios tímidos que logo eram aplacados
por gotas de chuva que lavavam o calor do nosso corpo e nos dava mais
força para vencem tantos e tantos quilômetros que ainda estavam por vim.
Entre a tensão de pedalar numa BR, tendo que muitas vezes dividir um
espaço mínimo com a frota que por lá trafega e torcer para que o fluxo
diminuísse, passamos pela entrada de Igreja Nova e Porto Real de
Colégio, mudávamos de pista na áreas em que está ocorrendo a
duplicação da rodovia e isto nos dava uma maior tranquilidade. Caí num
barro que mais parecia areia movediça e ali fiquei por alguns instantes
estudando uma forma de sair, enquanto minha Milene ria e tirava foto.
Sai parecendo uma mulher de barro, pois “...esse corpo de lama que tu vê
é apenas a imagem que és tu...” (Chico Science).
Seguindo a
pedalada, às 11 h e 24 minutos chegamos ao nosso destino, após
atravessarmos a ponte e presenciarmos que o Velho Chico está, realmente,
precisa de um “dengo”, visto que encontrasse bastante assoreado e
descuidado. Fizemos uma city tur pela cidade, banhei-me no rio pra tirar
o barro que estava em mim e dei uma geral na bike e enquanto
esperávamos o almoço, Gabriel e Giovane tomavam banho no rio, Milene e
eu jogávamos conversa fora em uma das barracas, na qual a dona é uma
conterrânea e disse que morre de vontade de voltar a morar para
Arapiraca.
Às 13 h e 21 minutos, pegamos a estrada de volta e por
mais uns 15 km sentimos a pressão do fluxo da BR até chegarmos em um
atalho por uma estrada de barro que nos levaria até a pequena cidade de
aproximadamente 6 mil habitantes, Olho D'Água Grande/Al. Nessa hora, meu
caro leitor, depois de tantos quilômetros já percorridos, o corpo
começa a dizer não, as pernas já não respondem, então é preciso ter
mente, é preciso ter coração, é preciso ter alma, e fundamental também é
preciso ser equipe para seguir em frente, e abro aqui um parênteses
para agradecer a Milene que sempre atenta e cuidadosa manteve esse
espírito. Percorremos uns 10 km até chegarmos a cidade, munidos apenas
de gatorade, desejando por um gole de água, numa estrada que só tinha
ladeira e mais ladeira subindo...Deus do céu! E quase não tinha casas,
de um lado era possível se ver ao longe a Serra da Maraba e do outro
mais longe ainda a Serra das Mãos.
Ao chegarmos na cidade finalmente
compramos água - FONTE DE VIDA - paramos para remedar um pneu e 1 hora
depois seguimos viagem. No caminho foi preciso troca a câmara de ar do
Gabriel, o que minha amiga LOKA Milene fez com grande perícia apesar de
ser o seu primeiro.
Passamos por Campo Grande e chegamos ao Girau
do Ponciano e com nossa chegada veio a noite e com ela a escuridão.
Escuridão da noite, escuridão da estrada, tínhamos ainda que percorrer
mais 28 km para chegarmos a tão sonhada casa. CASA que diante do cansaço
físico e da exaustão tinha um significado peculiar, tal como almejava o
E.T. do filme de Steven Spielberg. CASA, CASA, CASA...a palvra mais
doce que lembrava, bando, comida, cama, conforto.
Nesse trecho
noturno, em meio a uma estrada na qual os carros jogavam seus faróis em
nossos olhos, onde mal tinha acostamento, o perigo era iminente. Guiados
por mini e frágeis faróis o breu da noite era desafiador e a cada
quilômetro vencido parecia que ainda falava uma eternidade, precisávamos
ver as luzes de nossa maravilhosa cidade para sossegarmos o âmago, mas
além disso, precisávamos chegar em CASA. Aproximadamente as 21 horas
chegamos em Arapiraca e com um suspiro de alívio e superação os 4
Guerreiros do Asfalto e do Barro foram para suas casas ter o descanso
merecido e dormir o sono do anjos.
(Wherlancleya Lúcia )
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