Por: Gledson Silva
Imagine uma nova invenção que trará benefícios incontáveis, aumentará a eficiência e tornará a vida de todos mais fácil. Porém, para seu funcionamento, 200 mil pessoas inocentes terão que morrer a cada ano. Você adotaria esta invenção? Pois saiba que você pode ter um exemplar na garagem. Se o automóvel trouxe uma porção de melhorias na condição de vida das pessoas, está na hora de começar uma profunda e sincera análise dos impactos negativos desta invenção.
O que antes era sinal de status, oitava maravilha do mundo, solução de todos os problemas, atualmente é visto como o novo cigarro. Ele polui, causa congestionamentos e mata.Na contramão, uma revolução lenta e silenciosa acontece. Sem motores barulhentos, emissões de gases nocivos ou parando a vida. As bicicletas estão invadindo sua praia, sua rua, seu bairro... Sustentáveis, rápidas e econômicas, elas são o transporte do momento.
Para quem ainda vê a bicicleta como um brinquedo de fim de semana, saiba que o Código de Trânsito Brasileiro (art. 28) a inclui como veículo. Prova disso é o crescente aumento de quem a usa como meio de transporte no seu cotidiano.
Em Bogotá, quando Peñalosa iniciou a sua administração em 1998 e decidiu tirar o espaço dos carros, provocou uma reação de 77% de rejeição. No último ano de seu mandato, a população começou a perceber as vantagens de se ter uma cidade voltada para as pessoas. Por exemplo, no local onde seria projetada uma autopista de oito faixas, foi feito um parque linear de 45 quilômetros, para pedestres e ciclistas. A cidade hoje é referência mundial de transporte sustentável e reduziu a emissão de carbono em mais de dois milhões de toneladas por ano.
Protegidos por quilos de aços e escondidos por vidros negros, motoristas se fecham em suas bolhas, chamadas automóveis, e delas só saem quando terminam a viagem do ponto A ao B. Quase como um ambiente estéril, longe de tudo e de todos. “A bicicleta me oferece, acima de tudo, uma maior integração com a cidade e com meus concidadãos. Quando estou numa bicicleta, as distâncias se transformam, assim como o tempo. É fácil parar para ver alguma coisa ou falar com algum conhecido que encontro no meu percurso”, diz o artista Marcos Nicolaiewsky, 28, que usa sua bicicleta como veículo de transporte pelas ruas cariocas. O estudante Enio, 23, que diariamente cruza 3 cidades pernambucanas em cima de uma bicicleta, também confirma: “De bicicleta pude mudar a forma de enxergar as cidades que passo diariamente. Todo dia posso fazer um caminho diferente, ver novas ruas, parar em cima de uma das inúmeras pontes de Recife só pra tomar vento e ficar vendo a correnteza... O cotidiano torna-se mais prazeroso quando você começa a usar a bicicleta todos os dias”. E acrescenta: “A bicicleta tem um poder incrível de unir as pessoas. Você passa por alguém, dá bom dia com um sorriso no rosto e é calorosamente retribuído de forma igual”.
Segundo dados da Iniciativa Verde, se você reduz 10% do percurso total
de 20 mil km/ano, isso gerará uma economia de meia tonelada de CO2 ou
mais. Como? Deixe o carro em casa, use o transporte público, a bicicleta
ou opte pela caminhada. O site Eu vou de bike
oferece uma calculadora em que é possível verificar o quanto uma
simples mudança em seu hábito pode representar. Que tal tirar a poeira
da bicicleta e começar a pedalar por aí? O planeta, o trânsito e as
pessoas agradecem!
Gledson Silva, carioca com formação em Educação Física e especialização
em Treinamento Desportivo pela UFRJ, é um libertário que luta em prol de
um mundo melhor e igualitário. Vê no cicloativismo e no vegetarianismo a
revolução para uma sociedade mais humana. Formou-se professor de Yoga
pelo Sivananda Yoga Vedanta Center e quer, através dessa filosofia.
levar para seus alunos a consciência de que eles fazem parte de um todo
maior e que, portanto, são responsáveis por essa unicidade.
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